Passo o dia em torno do castelo, inevitável em Český Krumlov, esta pequena cidade a 3 horas de Praga, na República Checa. Saio do autocarro para o frio de novembro e por acaso não neva, mas o branco dos telhados não disfarça as temperaturas que se fazem sentir.
O Centro Histórico de Český Krumlov
Caminho em direção ao aglomerado de casas baixas, será por aí certamente Staré Město e detenho-me à frente com as badaladas da Igreja de São Vito. Parece fechada, porém atrevo-me a empurrar a grande porta de madeira com força e eis que entro na catedral gótica. Encontro apenas duas jovens que por ali conversam baixinho, certamente à procura de descansar num lugar menos frio, de costas para o órgão do século XVIII e de frente para o altar católico.
Ao sair desço a rua de calçada entre casas baixas, a maioria delas pequenas lojas de souvenirs, mercearias ou pensões. Num instante estou no centro da vila – a ampla Praça da Concórdia onde montam agora a árvore de Natal, a um mês do acontecimento. Por ali avista-se o Posto de Turismo, o Museu da Tortura (que não me atrevi a visitar), uns quantos restaurantes e a Coluna da Peste, em homenagem aos que morreram de Peste Negra do sec. XVII.
Sigo à direita pela Rua Dlouhá, uma das mais bonitas da vila, numa curvatura de graciosas fachadas que me conduzem a uma das pontes sobre o Rio Vltava ou Rio Moldava. É inevitável um Uau ao dar de frente com o segundo maior castelo da República Checa.
O Castelo de Český Krumlov
Preenche-nos completamente a vista: à direita temos o Museu do Castelo, encaixilhado naquela torre impossível de ignorar desde qualquer parte de Český Krumlov. Ao centro, o Castelo e Château erguidos sobre rocha maciça há oito séculos e ligados, à esquerda, ao edifício do Teatro Barroco através da admirável Ponte do Manto. É sob esta que atravesso para contornar e entrar no castelo.
A visita às áreas exteriores é livre e, mesmo que não se conheça o interior, estas já valem a pena. Presta atenção aos detalhes. Por exemplo, no pátio em frente ao Museu do Castelo consegue ver-se muito bem o detalhado Sgraffito checo trabalhado pelo pintor Josef Lederer em menos de seis meses.
Entre o primeiro e o segundo pátios, deslumbro-me com a vista sobre Český Krumlov desde uma pequena varanda na encosta do castelo. De lá para cá já era bonita, mas do castelo para a cidade torna-se magnífica! Vou atravessando de pátio em pátio, com pena de não visitar o interior do edifício: é segunda-feira, dia da semana em que está fechado. Também os jardins do castelo estavam excecionalmente encerrados neste dia e por isso perdi a oportunidade desse agradável passeio que me tinha sido recomendado.
Demoro-me no miradouro sobre a paisagem de telhados em tons de laranja salpicados de branco e rodeados pelo rio que separa Vnitrni Mesto – o centro histórico – do Bairro de Latrán, até que desço precisamente para explorar essa zona.
Em direção à saída do castelo, olho para o fosso abaixo e espanto-me com dois ursos… de verdade! Inicialmente achei divertido observar tão de perto estes grandes mamíferos a brincar … porém, fiquei intrigada com aquela presença. Após alguma pesquisa, percebi que existem ursos no fosso do Castelo de Český Krumlov desde o século XVI, mantidos como parte da família Rosenberg à altura e depois como tradição. Não há dúvida de que são encantadores, mas não estão em liberdade, o que já não é propriamente aceitável, esperando-se que, em breve, sejam colocados num lugar com melhores condições e que a “tradição” desapareça.
O Bairro de Latrán
Percorro Latrán, a rua principal deste bairro, também ela em curva, não fosse Český Krumlov uma cidade em redondos. Observo as montras que se vão iluminando para o Natal, enquanto procuro a Cervejaria Eggenberg do século XVII, infelizmente encerrada temporariamente à altura da minha visita.
Sem possibilidade de visitar este local de produção de cerveja, caminho então sem rumo por Latrán, onde inevitavelmente vou dar ao Mosteiro de Český Krumlov, hoje uma galeria de artes barrocas.
Recomendo sair de Latrán pela ponte entre o Museu das Marionetas e o Museu dos Fantoches. Assim o faço e, depois de muitas fotos desta zona em tons de outono e altamente bucólica, acabo sentada no Drunken Coffee a saborear uma cerveja IPA (com o frio que se sentia e sentada na esplanada talvez fizesse mais sentido um café quente mas a cerveja era local e artesanal, não tinha como não provar!) e a observar sem me cansar as luzes de fim de tarde sobre o Castelo de Český Krumlov ao som das correntes do rio.
Reflexos sobre o Rio Moldava pela Rua Rybarska
O sol já se começa a pôr e decido regressar. Vou pelo lado mais longo pois ainda me falta percorrer a beira-rio pela Rua Rybarska onde observo os perfeitos reflexos das casas sobre as águas do Rio Moldava, o maior da República Checa nascido nos bosques montanhosos da Boémia (zona que fiquei com vontade de conhecer e que ficará certamente para uma próxima viagem à República Checa). Mais à frente podemos ainda encontrar o Museu Fotoatelier Seidel, o Egon Schiele Garden Studio e a Sinagoga de Český Krumlov.
Entro numa pequena loja ainda aberta para comprar um postal de recordação e saio acompanhada de um sorriso e um simpático “Ahoy” do senhor que ainda me ensinou 3 ou 4 palavras básicas do léxico checo.
É hora de voltar à estação de autocarros de Český Krumlov que fica a 5 minutos a pé da Praça da Concórdia, ocupada agora por meia dúzia de miúdos que jogam futebol neste final de tarde.
Como chegar e quanto tempo ficar em Český Krumlov
Apanhei o autocarro das 8h da manhã em Praga que chegou às 11h a Český Krumlov. Regressei no das 17h, pelo que estive 6 horas nesta pequena cidade da República Checa. Embora goste de passear devagar e de por vezes me demorar em recantos e fotografias, o tempo disponível foi adequado. Porém, se tivesse visitado o interior do castelo (ou de algum outro edifício ou museu) talvez o tempo se fizesse curto. Ou seja, considero que 6 horas é suficiente para passear a um bom passo pela cidade, fazer uma visita de interior e sentar para uma refeição rápida.
Há quem fique uma noite em Český Krumlov, o que até me parece uma boa ideia para desfrutar do cair da noite numa cidade mais tranquila e para te alojares numa das pequenas pensões do centro de aspeto muito rústico e confortável. Se tiveres esse tempo e essa vontade, é uma boa opção.
Dicas para visitar Český Krumlov desde Praga:
- Podes comprar os bilhetes de autocarro de ida e volta entre Praga e Český Krumlov com a FlixBus. A ligação é direta, há vários horários por dia e os preços variam entre 7 e 15 euros. Com quanto mais antecedência comprares os bilhetes, melhores preços conseguirás.
- Evita visitar Český Krumlov a uma segunda-feira porque muitos dos edifícios estão encerrados neste dia da semana.
- Antes de te deslocares à Cervejaria Eggenberg informa-te se está realmente aberta. Se sim, não percas este local de produção de cerveja desde o século XIV.
- Para um almoço leve ou apenas para um café ou uma cerveja recomendo o Drunken Coffee. A música é boa, os preços são razoáveis, o ambiente é acolhedor e a esplanada quase sobre o rio tem uma excelente vista para o castelo.
- Se preferires uma visita guiada por Český Krumlov, existem Free Walking Tours às 14h todos os dias (e também às 10h30m de abril a setembro). Deves sempre confirmar e reservar a visita com a Wiseman Free Tour.
- Recomendo verificares os horários de abertura dos vários espaços de visita do Castelo de Český Kurmlov para que possas planear melhor o teu dia e não percas nada que seja do teu interesse. Também podes consultar os preços das entradas aqui.
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