As Filipinas é aquele país que nunca esteve no nosso plano de viagem pelo sudeste asiático. A curiosidade começou a instalar-se em nós ao conhecermos outros viajantes que lá já tinham ido ou que planeavam por lá passar. Acabamos por reformular o nosso plano e, vindos de Bali, aterramos em Cebu nas Filipinas.
Cebu foi uma surpresa… pela negativa! Não estávamos à espera de uma cidade tão cinzenta, tão suja, de cheiros tão pouco agradáveis e, sendo uma grande cidade, com tão poucas infraestruturas (como por exemplo restaurantes e hotéis).
A nossa primeira impressão das Filipinas, com a qual não estávamos a contar, não foi, de facto, a melhor. Mas essa impressão foi-se modificando ao longo das semanas em que lá estivemos.
É um país muito pobre. A par do Myanmar, consideramos as Filipinas o país mais pobre onde estivemos nesta viagem. Sentimos que no Myanmar a pobreza era mais difundida pela população que, no geral, tem poucos recursos e oportunidades. Por outro lado, nas Filipinas pareceu-nos que a desigualdade na distribuição da riqueza é mais acentuada: vêem-se muitos sem-abrigo e pedintes na rua, assim como imensas famílias a viver em “casas” improvisadas na beira da estrada… mas também se vêem casas muito boas e famílias ricas.
No entanto, a população filipina é muito muito acolhedora e simpática. Sentimos que é uma cultura mais próxima da nossa em termos de relacionamento entre pessoas. Nota-se que as pessoas são muito ligadas à família e ao lar, por exemplo valorizando mais as refeições em casa e em família, o que não se sente muito nos países de maioria budista ou muçulmana. Também se nota uma tendência maior para a festa. Comparando com os restantes países onde estivemos, nas Filipinas os locais juntam-se mais para conviver e beber uns copos. Estas semelhanças talvez se devam ao facto de praticamente toda a população ser católica ou talvez também porque as Filipinas estiveram sobre domínio espanhol durante três séculos.
Devido ao domínio que também os Estados Unidos tiveram sobre este país, grande parte da população fala um pouco de inglês, o que torna a comunicação muito mais fácil… mas o que achamos mais curioso foi encontrar muitas palavras em espanhol (e por conseguinte parecidas com o português) na língua oficial das Filipinas que é o tagalo: sapatos, caldo, cuchara, e muitas outras soavam-nos familiares.
Durante os nossos 24 dias nas Filipinas, passamos pelas cidades de Cebu e Puerto Princesa, visitamos as chamadas colinas de chocolate em Bohol, vimos os társios – os mamíferos mais pequenos do mundo, relaxamos nas praias de Panglao e de Port Barton, saltamos de cascatas de até 12 metros no rio Kawasan, nadamos no mar com tartarugas, andamos de barco entre ilhas paradisíacas, ficamos dentro de casa dias seguidos de chuva torrencial, e visitamos a caótica cidade de Manila.
Mas num país com 7641 ilhas, muito mais havia para ver e explorar. Não fosse as restrições do visto (limitado a 28 dias) e a fraca gastronomia do país (sim, comer nas Filipinas não é fácil: além de a oferta de comida de rua e em restaurantes quase se resumir a fast-food, a qualidade da comida é muito baixa), poderíamos ter passado mais um mês neste país para conhecer tudo o resto que ainda ficou nas nossas listas, como ir ao grande destino de surf da ilha de Siargao, visitar as montanhas e plantações de arroz de Batad e Banaue, ir a Sagada – uma zona isolada com 0% de taxa de criminalidade e que ainda se rege por costumes bem antigos, visitar Vigan – uma das 7 cidades maravilha do mundo, entre muitas outras coisas.
Achamos que as Filipinas não é um país muito fácil de se viajar, principalmente com um orçamento e tempo limitado. As deslocações entre ilhas implicam uma maior disponibilidade de tempo (para se fazer de barco) ou de dinheiro (para se fazer de avião). Exigem também um maior planeamento pois não é tão fácil comprar um bilhete de barco ou um vôo de um dia para o outro como ir a uma estação de autocarros e apanhar o seguinte para o próximo destino.
Estas dificuldades ainda podem ser agravadas se se estiver na época das chuvas e dos tufões… o que foi o nosso caso! Atrasos e cancelamentos nos transportes são o estado considerado “normal” nesta época do ano e ficar “preso” em determinada ilha ou dentro de portas durante alguns dias sem se poder fazer muito também é bastante comum.
Viajar nas Filipinas mostrou-se ser uma verdadeira aventura num misto de coisas muito boas e de várias dificuldades. No entanto, saímos com vontade de voltar… mas numa época mais seca do ano 🙂
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