Qual a palavra que mais rapidamente associas a Cabo Verde? Suponho que seja praia. Verdade? No entanto, o arquipélago africano de dez ilhas ao largo do Senegal e da Mauritânia oferece muito mais do que guarda-sóis à beira-mar. Cabo Verde mostra-se também sinónimo de natureza e de morabeza. Um país muito fragmentado na história e na geografia mas nunca na gentileza e na beleza.
Visitar Cabo Verde tanto satisfaz os que têm sede de calor e de um escape à cultura ocidental, como os que buscam uma viagem ativa em caminhadas com boas hipóteses de mergulhar num Atlântico de águas quentes.
O convite pode tornar-se mais fácil com o guia e as dicas que aqui te deixo para visitar Cabo Verde.
Informações e dicas para visitar Cabo Verde
Requisitos de entrada
Para os portugueses entrarem em Cabo Verde e permanecerem por estadias inferiores a 30 dias, não é preciso visto mas é obrigatório um pré-registo na plataforma online www.ease.gov.cv que tem um custo aproximado de 30€. Recomenda-se que este registo seja feito até 5 dias antes da partida. Em alternativa, pode ser feito à chegada, embora implique esperar mais tempo na fila da emigração.
Voos para Cabo Verde
Atualmente existem voos mais económicos de Lisboa ou do Porto para as Ilhas do Sal, Boa Vist e Santiago com a lowcost Easyjet. Fora isso, a companhia com voos mais regulares para as várias ilhas de Cabo Verde é a TAP.
Com flexibilidade nas datas e antecedência podem conseguir-se bons preços. Eu voei Porto – Lisboa – São Vicente, ida e volta, com a TAP. Os preços rondaram os 500€ durante vários meses, até que um dia surgiu uma promoção a 300€ (ida e volta) e aproveitei. Porém, tive de ser flexível nas datas, por exemplo ir de terça a terça, ao invés de apanhar dois fins de semana. Além disso, isto foi em novembro de 2024, quando a Esasyjet ainda não voava para São Vicente, por isso atualmente podem conseguir-se preços ainda mais em conta.
Transportes em Cabo Verde
Há ferries que fazem a travessia entre várias ilhas de Cabo Verde. Entre algumas delas não há ferries todos os dias e os horários não são sempre iguais, por isso recomendo que se vejam, com a devida antecedência, as horas para o dia específico que se pretende na página da CV Interilhas. Embora ache que dá para comprar os bilhetes na hora, eu preferi reservar online previamente e já fui descansada.
A melhor forma de te deslocares dentro de cada ilha é nos chamados coletivos ou alugueres. São umas carrinhas brancas de transporte entre as principais cidades/aldeias. Regra geral não têm horários fixos, partindo quando têm um número de pessoas suficiente para iniciar a viagem. É fácil encontrá-las em qualquer vila, bastando perguntar a alguém de onde sai o coletivo para o sítio que queres ir. Dependendo das distâncias, cada deslocação custa entre 1€ a 5€ por pessoa, sempre pagos em numerário e em escudos, a moeda local.
Quanto tempo ir
A quantidade de tempo para visitar Cabo Verde depende do estilo de viagem que queres fazer e das ilhas que escolhes explorar. Eu visitei São Vicente e Santo Antão em 8 dias e foi suficiente. Se tivesse mais tempo, faria mais um ou dois trilhos em Santo Antão e dedicaria mais algum tempo de descanso na praia em São Vicente.
Com menos de uma semana disponível, recomendo visitar apenas uma ilha. Com uma semana completa duas ilhas, e com mais dias poderão adicionar-se mais ilhas. Vê abaixo o tópico O que ver em Cabo Verde para conheceres as várias combinações de ilhas que se pode fazer.
Melhor altura do ano para visitar Cabo Verde
Em termos de clima, qualquer altura do ano é boa para visitar Cabo Verde. Se quiseres livrar-te dos meses de mais turismo, então sugiro ir entre abril e junho ou entre outubro e novembro, evitando a época alta das férias de julho, agosto e setembro e a época alta de dezembro a fevereiro em que muitos procuram fugir ao inverno europeu.
Clima em Cabo Verde
O calor, a aridez e os ventos alísios são o que caracteriza o Arquipélago de Cabo Verde de uma forma geral. As temperaturas são boas durante todo o ano e o nível de precipitação é baixo mesmo nos meses mais húmidos (agosto e setembro). A temperatura da água do mar é um dos motivos para visitar Cabo Verde, pois mantém-se todo o ano entre os 21 e os 25º. Uma maravilha para quem, como eu, não consegue mergulhar na costa portuguesa!
A língua
O idioma oficial de Cabo Verde é o português e, embora a língua mais falada seja o criolo cabo-verdiano de base lexical portuguesa e com influências das línguas africanas, para os visitantes é fácil comunicar em português em qualquer lugar.
A moeda e os preços em Cabo Verde
A moeda local é o escudo cabo-verdiano cujo câmbio é de aproximadamente 110 escudos para 1€, à data de julho de 2025.
Ao contrário do que se possa esperar, o nível geral dos preços em Cabo Verde não é muito baixo. Os alojamentos estão acima dos 50€/noite e um jantar de um prato e uma bebida pode facilmente custar 15€/pessoa. Um café custa o equivalente a 1€ e uma cerveja vai desde o equivalente a 1,50€ nos lugares menos turísticos. Os transportes de coletivos são económicos mas os preços dos ferries vão desde os 15€ aos 50€ dependendo do trajeto.
Levantar e trocar dinheiro
Da minha experiência em São Vicente e Santo Antão, não consegui onde trocar euros por escudos em nenhum lugar, o que me leva a recomendar levar euros para pagar o que for possível nesta moeda, ter cartões de débito (como por exemplo o Revolut) para fazer pagamentos com cartão e levantar escudos cabo-verdianos em caixas multibanco.
Ou seja, alguns lugares aceitam euros como pagamento e muitos também aceitam pagamentos com cartão (por exemplo nos alojamentos), no entanto é sempre bom ter moeda local à mão para produtos mais pequenos, viagens de coletivos e pagamentos em lugares onde só aceitem esta moeda.
Existem caixas multibanco em praticamente todas as cidades, sendo que estas cobram, em geral, uma taxa de 2,5% do montante a levantar.
Internet e rede móvel
O mais comum é que à chegada ao aeroporto em Cabo Verde tenha uma banquinha da Alô, onde se pode comprar cartões SIM para se estar comunicável e com acesso à internet durante a viagem.
Para mim, à chegada ao Aeroporto Internacional Cesária Évora em São Vicente, o processo foi muito rápido e fácil. Havia várias opções de preços e quantidades de gigabytes. Eu comprei um cartão de 7GB por 10€ que foi mais do que suficiente para toda a viagem de 8 dias por São Vicente e Santo Antão, além das chamadas nacionais que também deram jeito.
Nos alojamentos onde fiquei também tinha wi-fi, embora no geral não funcionasse tão bem como a rede de dados móveis.
A comida cabo-verdiana
Confesso que cheguei a Cabo Verde receosa da qualidade da comida e saí surpreendida. Acabei por comer sempre bem! Sendo este um conjunto de ilhas rodeado de Atlântico, o peixe fresco não falta. O atum é o mais consumido, mas a lagosta e restantes mariscos são a preços de aproveitar! Provei também a garoupa grelhada e a moreia frita e só posso recomendar.
O prato nacional é a cachupa. Com as devidas variações regionais, é uma iguaria à base de milho e feijão, que pode incluir carnes ou peixe, legumes e até queijo, dependendo do gosto do cozinheiro e da hora do dia a que é servida. Vale a pena experimentar!
A morabeza cabo-verdiana
A morabeza é um conceito unicamente intrínseco à identidade cabo-verdiana. É um modo de vida, uma forma de estar no mundo que se traduz numa amabilidade inata, numa hospitalidade genuína, no carinho e afeto com que acolhem todos, dos seus aos terceiros. É uma predisposição para receber bem, para fazer o outro sentir-se em casa. Mas também é um modo leve de conduzir a vida, traçado pela cadência da calma onde as coisas acontecem ao seu tempo e em que é possível desfrutar o momento e não se deixar consumir pelas preocupações.
Senti-a em vários momentos na viagem de 8 dias pelas ilhas de São Vicente e Santo Antão, especialmente no ambiente do restaurante Cantinho da Música em Ponta do Sol, no trato do Sr. Daniel que me conduziu por São Vicente e na casa da Dona Marcelina e do Sr. António em Vinha, enquanto percorria o Trilho do Xoxô.
É um conceito difícil de se explicar, mas muito rápido de se sentir uma vez em contacto com os habitantes de Cabo Verde.
Segurança
Em termos de segurança senti-me tranquila nas ilhas que visitei: São Vicente e Santo Antão. Sabia de antemão que, por exemplo no Mindelo, é de evitar andar a pé em zonas fora do centro, em especial depois de anoitecer, e por isso reservei sempre alojamentos bem localizados.
Como em qualquer cidade à noite, mesmo no centro, é preciso ter algum cuidado extra com os nossos pertences e abordagens fora do comum, além de evitar zonas escuras e sem movimento. Já em Santo Antão, uma ilha de cidades pequenas, nunca senti qualquer mau ambiente, pelo contrário.
De qualquer forma, antes de visitar um país como Cabo Verde, recomendo fazer um seguro de viagem. Eu fiz o IATI Básico para a totalidade da viagem em Cabo Verde. Felizmente não tive de o usar, mas nunca se sabe! Ao utilizares este link tens 5% de desconto no teu seguro de viagem.
O que visitar em Cabo Verde
Começo por dividir Cabo Verde em três partes, pois considero que cada viagem ao Arquipélago se deve focar em apenas uma destas partes, a não ser que tenhas realmente muitos dias disponíveis para visitar várias zonas.
Grupo Ocidental Norte: Santo Antão, São Vicente, Santa Luzia e São Nicolau
Para visitar o Grupo Ocidental Norte de Cabo Verde há que voar para o Aeroporto Cesária Évora em São Vicente, o único ponto de entrada internacional nesta zona do arquipélago. Além de uma volta a esta ilha, recomendo dedicar-se um dia à cidade do Mindelo (ver o artigo O que visitar em São Vicente, Cabo Verde).
Desde São Vicente é possível conhecer Santa Luzia numa excursão de um dia. Sendo esta ilha uma Reserva Natural Integral, as visitas são altamente reguladas. É obrigatório ir com uma agência de ecoturismo local e a excursão implica a navegação de cerca de duas horas para cada lado. É proibido pernoitar na ilha, pelo que só é possível visitar em tour de um dia desde São Vicente.
Explorada São Vicente, se o tempo for limitado, há que escolher entre Santo Antão e São Nicolau. Ambas de origem vulcânica e com a agricultura como principal atividade, oferecem experiências distintas. A oeste temos Santo Antão como a ilha verde, que entre encostas íngremes e picos montanhosos é um paraíso para o caminhante. A leste, São Nicolau que, além de menos cobiçada pelos visitantes, revela-se menos acidentada e mais árida que Santo Antão. São Nicolau proporciona uma experiência mais tranquila, sendo ainda capaz de mostrar de forma mais autêntica a história e a cultura de Cabo Verde.
Se pretenderes visitar este lado de Cabo Verde, tens aqui alguns artigos que te podem interessar:
Grupo Oriental Norte: Sal e Boa Vista
Sal e Boa Vista soam desde logo ao grupo mais comumente visitado de Cabo Verde. Pelos hotéis de gamas superiores e pelos aeroportos internacionais com voos regulares, são provavelmente as ilhas que oferecem infraestruturas mais desenvolvidas e acolhedoras para os visitantes.
Apresentam-se também como as mais planas e áridas, dando espaço a longas praias e dunas de areia. É isso que atrai quem pretende umas férias de sol e mar, exclusivamente. Quem viaja com este propósito, geralmente visita uma ou outra ilha, por comodidade. Deslocar-se entre as duas ilhas implica realizar uma viagem de ferry de cerca de 3 horas, sujeitas às condições do mar, ou realizar um voo doméstico de 40 minutos.
Grupo Sul: Fogo, Santiago, Brava e Maio
Conjugar uma visita às ilhas do sotavento ou do grupo mais a sul também é uma boa possibilidade, nomeadamente o Fogo com o seu vulcão ativo e o ponto mais alto do arquipélago, Santiago com a capital do país em Praia, a Brava conhecida como a ilha das flores e o Maio como a ilha secreta. Para as ver a todas será preciso disponibilidade de tempo (apontaria para 12 a 15 dias). Mas com menos tempo é possível facilmente conjugar duas delas.
Esta será, sem dúvida, a minha próxima incursão ao Arquipélago de Cabo Verde. Está prometido!
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