São Vicente é o ponto de partida para se visitar as ilhas do grupo ocidental norte do Arquipélago de Cabo Verde. Cabe-lhe receber os visitantes que aterram no único Aeroporto Internacional deste conjunto de ilhas de que também faz parte Santo Antão, Santa Luzia e São Nicolau. Daqui saem ferries e barcos para visitar esses pedaços de terra em pleno Atlântico, possíveis roteiros que componho no artigo Guia e Dicas para visitar Cabo Verde.
Já este artigo dedica-se exclusivamente a São Vicente, ilha de pouca chuva e de muita música, conhecida como a capital cultural de Cabo Verde.

Ao escrever sobre o que ver em São Vicente, devo começar por dividir a ilha em duas partes: aquilo que é a cidade do Mindelo, e aquilo que são os restantes lugares que, mais do que a sua capital, dão corpo a esta ilha. Para visitar esses lugares, há que contratar um táxi ou alugar um carro.
Em alternativa: Existem também tours organizadas de visita a São Vicente disponíveis na Get Your Guide.
No meu caso, contratei o Sr. Daniel que, além de me ir buscar e levar ao aeroporto de São Vicente, me levou num loop completo pela ilha. Durante uma manhã fomos parando em vários lugares de São Vicente para apreciar as paisagens entre a aridez das praias, o azul do mar e o verde do interior. Começámos pelo norte, contornamos a leste e terminamos a sul. Deixo aqui alguns lugares obrigatórios de uma volta à Ilha de São Vicente.
Volta à Ilha de São Vicente
Monte Verde e a Cabana de Chá no topo
Monte Verde é o ponto mais alto de São Vicente, a 774 metros de altitude e permite uma ampla vista sobre a ilha, toda a cidade do Mindelo e a sua baía, as praias costeiras e ainda as ilhas e ilhéus vizinhos: Santo Antão, São Nicolau, Santa Luzia, o Ilhéu Raso e o Branco.
Ao longo dos 10km que separam a cidade do topo deste monte, vão-se observando umas zonas de pura aridez a contrastar com outras zonas de mais vida em forma de vegetação rasteira e até de plantações como o feijão, a batata-doce, a erva-doce, a abóbora e demais produtos da terra. Ao subir devagar enquanto ouvia as explicações do Sr. Daniel sobre o modo de vida na ilha, fomos passando por vários caminhantes que, a seu passo, faziam este percurso a pé. É também uma opção!
Já quase no topo do monte, é obrigatória a paragem na Cabana de Chá, onde se observa a paisagem enquanto se bebe um chá de erva-doce ou um café da ilha de Santo Antão. Licores variados, o tradicional ponche de mel de cana-de-açúcar e, até, o feroz grogue são também oferecidos pelo carismático Sr. Miguel, que ali vive, como sentinela da ilha.
Vila Piscatória de Salamansa
Na descida do Monte Verde, o azul oceano vai-se reaproximando e nele começam a distinguir-se uns pontos. “São os barcos que vêm de Santa Luzia e São Nicolau, à vela”, comenta o Sr. Daniel. “Estiveram à pesca desde cedo e regressam todos juntos, por segurança, para que se possam auxiliar uns aos outros em caso de necessidade”.
Chega-se em breve à vila de Salamansa, conhecida pela sua forte atividade de pesca, pela extensa e bonita praia e pelas condições propícias à prática não só de surf, mas também de kite e windsurf. Atenção que me comentaram que as correntes podem ser perigosas.
A Baía das Gatas
Contornando a ilha de São Vicente pelo lado nordeste, chega-se à Baía das Gatas, nome atribuído devido à presença contínua de tubarões-gata nas suas águas, espécie inofensiva para os humanos. Não obstante, a Baía das Gatas é amplamente conhecida pelo Festival Internacional de Música que acontece todos os anos no fim de semana de lua cheia do mês de agosto e que torna esta pequena localidade numa autêntica cidade. É um dos maiores e mais importantes eventos culturais de Cabo Verde, enche a pacata vila de estrangeiros, tendas de campismo, barraquinhas de comida, artesanato e muita música.
Nos restantes dias, mais regulares, há uma praia bonita e pouco concorrida, assim como barcos à vela a ir e a vir das ilhas vizinhas.
O Projeto das Tartarugas “A Caminho de Casa”
Segue-se pelo nordeste em direção ao Calhau, conduzindo por cenários de paisagens lunares, com uma breve paragem num pequeno conjunto de destoantes dunas perfeitas. Já no Calhau, fiz uma pequena visita ao Projeto das Tartarugas “A Caminho de Casa” que se dedica a acolher e a cuidar de tartarugas doentes até elas estarem prontas para regressar ao mar.
Tartarugas em São Pedro
Do lado mais oeste da Ilha de São Vicente encontra-se a Praia de São Pedro, especial pela forte presença da espécie de tartarugas caretta caretta nas águas desta baía rodeada de montanhas. Para vê-las mais de perto, há que ir de barco uns 50 metros mar adentro e esperar que se aproximem. Atenção que, pelo menos na época em que eu fui (novembro de 2024) esta atividade não era regulada, pelo que tenho dúvidas acerca dos seus benefícios para a espécie.
Podes contratar um tour previamente através do Get Your Guide ou então ir até à praia e procurar um jovem local que o faça, negociando o preço diretamente. Se quiseres mergulhar com esta espécie marinha, deves assegurar que te vai ser disponibilizado equipamento de snorkeling.
As tartarugas na Baía de São Pedro são enormes, nadam mesmo perto e são muito simpáticas… estão apenas interessadas no peixe que o jovem que leva o barco lhes atira para as atrair. Conto tudo sobre esta experiência no artigo Roteiro em Cabo Verde por São Vicente e Santo Antão em 8 dias.
No caminho de regresso a Mindelo não deixes de observar o Monte Cara e de parar num lugar mais alto onde se veja de cima a capital da ilha.
O que ver e fazer no Mindelo
Visitar Mercados
Se és fã de mercados, Mindelo tem uma variedade deles para visitar. Não são grandes mas são os lugares certos para observar a vida quotidiana e descobrir os produtos locais. Comecei pelo Mercado Municipal, perto da Praça Dom Luís e do Café Royal, onde há bancas diversas de produtos hortícolas e frutos, café e grogue, carnes e compotas caseiras.
Uns 400 metros mais a sul, perto da Torre de Belém encontra-se o Mercado do Peixe onde por trás das expectáveis banquinhas, mesmo junto ao mar, se pode observar a azáfama da chegada das embarcações de pesca e da separação do peixe.
Mais abaixo encontra-se o Mercado de Hortaliças, pequeno mas muito colorido e cheio de vida. Contornando ao fundo da Avenida Marginal, entre a Rua da Luz e a Rua do Coco encontra-se o Mercado de Souvenirs ou também chamado de Lojas Africanas onde podes encontrar não só lembranças, como também artefactos diversos e de várias origens.
Torre de Belém e Museu do Mar
A Torre de Belém do Mindelo, em São Vicente, é um dos ícones da cidade e uma réplica do famoso monumento de Lisboa. Foi construída pelos portugueses em 1920 para servir como sede da Capitania dos Portos e, de certa forma, para reforçar a ligação que existiu com Portugal durante o período colonial.
Entretanto foi restaurada, albergando hoje o Museu do Mar, um espaço informativo e interativo sobre a história marítima de Cabo Verde com temas como a Arqueologia Subaquática, a Biodiversidade Marinha, a História da Pesca e a Baleação. Foi com pena que não tive oportunidade de o visitar. A entrada custa 200 escudos caboverdianos para estrangeiros e os horários de abertura podem ser consultados no Website do Instituto de Património Cultural de Cabo Verde.
Praça Dom Luís e Praça Nova
Mindelo é a terra natal de Cesária Évora, artista que levou as mornas e as coladeiras de São Vicente para o mundo e que acabou por se tornar uma embaixatriz cultural de Cabo Verde. É por isso que se encontram imagens suas pintadas em alguns recantos do Mindelo olhando-nos enquanto visitamos as ruas que a viram crescer. Um dos morais que não passam despercebidos é o da Praça Dom Luís, esta também uma das mais centrais da cidade.
A 400 metros fica a Praça Nova ou Praça Amílcar Cabral, lugar onde se veem pessoas sentadas a conversar a qualquer hora. “Era o ponto de encontro da gente… antes dos telemóveis” comenta-me o Sr. Daniel, o meu motorista em São Vicente.
O Centro Cultural do Mindelo e o Centro Nacional de Arte, Artesanato e Design
Junto à Praça Dom Luís fica o Centro Cultural do Mindelo. Inserido num dos mais antigos edifícios da cidade e construído em meados do século XIX, funcionou originalmente como a antiga Alfândega do Mindelo, um dos lugares mais importantes na época devido ao crescimento do porto. O Centro Cultural tem várias galerias pequenas e no centro um pequeno pátio, com ar de estar repleto de histórias por contar. A entrada é gratuita.
Para cultura e arte, o Mindelo oferece ainda o imperdível CNAD. Mais do que um Museu, o CNAD é um centro de investigação, formação e exposição, visando preservar e promover a riqueza da cultura artística e artesanal caboverdiana.
Pode-se visitar o seu interior por 500 escudos caboverdianos, mas a sua fachada é um dos pontos mais distintivos feita com mais de 8.800 tampas de bidões reciclados. Estas tampas podem ser giradas manualmente para controlar a luz e a ventilação no interior. Curiosamente, as cores de cada tampa representam uma nota musical, transformando a fachada numa espécie de partitura codificada, o que a torna uma obra de arte por si só.
Praia da Laginha
Sendo a praia mais próxima do Mindelo e a única do centro urbano, é a mais propícia a um mergulho depois de umas horas a conhecer a cidade. Embora esteja a 1,5km do centro histórico, é uma praia de fácil acesso, espaçosa, de areia branca e mar translúcido. O que querer mais? Só se for uma caipirinha ao final do dia!
Uma bebida ao entardecer
Mesmo em cima da Praia da Laginha temos o Caravela, com uma esplanada virada ao por do sol, perfeita para parar, relaxar e apreciar uma caipirinha enquanto o sol cai ao fundo sobre o mar.
Outra boa escolha para uma bebida ao final da tarde ou mesmo para jantar é o Terra Lodge, um terraço com bom ambiente e uma vista ampla sobre a cidade e o mar.
Onde dormir no Mindelo
Na cidade do Mindelo em São Vicente experimentei três alojamentos diferentes:
- o Prassa 3 Boutique Hotel, na Praça Nova, um alojamento muito cómodo e com um pequeno-almoço variado;
- o Casa Bom Dia, um alojamento mais acolhedor com boas áreas comuns. Embora a localização não seja a mais central, fica perto do Terra Lodge onde se pode ir beber um copo com uma boa vista para o Mindelo;
- o Casa Café Mindelo, mesmo junto à Praça Dom Luís, embora tenha a melhor localização dos três, não superou os anteriores em termos de condições e comodidade.
Onde comer no Mindelo
Na cidade do Mindelo em São Vicente recomendo o restaurante Casa Café Mindelo onde, embora o serviço seja demorado, a comida é boa, nomeadamente o prego de atum que é divinal, e costuma ter música ao vivo todas as noites. Gostei da cachupa que provei no Dokas e recomendo vivamente um fim de tarde no Terra Lodge, onde além da boa comida, a vista é espetacular.
Fora do Mindelo, numa visita à Praia de São Pedro, pode-se comer no Turtle Beach Bar. Embora um pouco mais turístico, na zona é o mais recomendável.
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