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Egito em 2017 e Egito em 2019: ​Duas viagens, o mesmo destino, muitas diferenças.

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Em Outubro de 2017 aterrámos no Egito prontos (pensávamos nós) para uma viagem de onze dias do Norte ao Sul do país. ​E se houve pessoas que nos disseram que, após os nossos relatos, pensaram que não voltaríamos a este país, essas pessoas enganaram-se. Em Abril de 2019 aterrámos no Egito desta vez pouco preparados (pensávamos nós) para uma viagem de vinte e três dias pelo País dos Faraós.

O que mudou no espaço de um ano e meio? Muita coisa: no Egito e em nós.

 

Um Egito mais feliz

Em 2017 vimos um Egito em recessão, ainda a sofrer consequências da Revolução Egípcia de 2011, da consequente Crise Egípcia, da queda de um avião russo na península do Sinai em 2015 e da má fama terrorista dos países maioritariamente muçulmanos.

Vimos hotéis e hostels vazios e ouvimos as suas histórias: em tempos não tinham sequer capacidade suficiente para tanta procura.

Vimos as Pirâmides de Gizé tranquilamente com meia dúzia de visitantes como nós. Sim, a necrópole que contém uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo (merecedora ainda do título honorário como Maravilha do Mundo Moderno) com um número insignificante de visitantes diários. Se compararmos com a quantidade de turistas que todos os dias pisam a Acrópole de Atenas é até absurdo.

E o absurdo continua, se pensarmos que pagámos 7,50€ por uma noite no quarto duplo de um hostel com direito a pequeno-almoço, 4€ para visitar as milenares Pirâmides e 7,50€ para percorrermos de comboio mais de 800km do Cairo até Assuão.

Fomos abordados dezenas de vezes por dia para adquirir algo a preços que, mediante o nosso desinteresse, podiam descer drasticamente. Além de que a criatividade de negócio era coisa que não lhes faltava, instigada pela visível necessidade de fazer dinheiro.

Felizmente em 2019 o país está diferente. Os preços subiram fortemente (e ainda bem!) e os egípcios parecem-nos agora mais contentes. Não perderam a inerente criatividade para o negócio mas a agressividade dos preços e das vendas já não é o que era, o que agrada também a quem visita.

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Egito em crescimento

Em 2017, quase que se contavam pelos dedos os visitantes que se viam e muito menos aqueles que, como nós, se atreviam de mochila às costas e sem um pacote turístico preparado por uma qualquer agência.

Ainda hoje a proporção de turistas de pacotes no Egito (e em grande parte dos destinos mundiais) é muito superior à de viajantes independentes. Mas o que interessa aqui é que se nota que os números aumentaram. Nota-se porque os vemos nas ruas e nota-se ainda mais na satisfação global dos egípcios.

Claro que turismo em excesso tem os seus impactos negativos. Concordamos, claro! Mas não entraremos por aí porque não é o caso e porque reconhecemos que para o Egito e até ao momento – pois não sabemos o que daí virá para o futuro – este crescimento veio na altura e dose necessária.

Em 2017, visitámos o Templo de Philae situado na ilha de Agilquia perto de Assuão. Regateámos um táxi que nos levou até ao porto onde poderíamos apanhar um barco para a ilha. No porto havia apenas uma pequena bilheteira, dois ou três egípcios a vender uns souvenirs, muitos barcos a motor e nenhuns visitantes para além de nós. Em 2019, quando lá chegámos, nem parecia o mesmo local: um parque de estacionamento para autocarros, o comércio instalado de várias lojas vendendo bebidas, snacks e lembranças, muitos barcos e também muitos mais visitantes. Claro que, desta vez, já não fomos o centro das atenções… felizmente! E felizmente conseguimos explorar o Templo de Philae na mesma de forma tranquila. Apenas não estávamos sozinhos como da vez anterior mas com alguns turistas que agora contribuem para uma vida menos preocupada dos locais que ali ganham a vida.

A perceção destas diferenças aquando da segunda viagem levou-nos a questionar. Das duas uma: ou a nossa capacidade de desenrasque e de procura não era assim tão boa um ano e meio antes ou realmente o país está hoje mais preparado para responder às necessidades dos visitantes. Acreditamos que a primeira opção tenha uma pequena dose de verdade (o que é natural após oito meses a viajar pela Ásia ? ). Mas acreditamos mais ainda na segunda: é mais fácil hoje encontrar onde comer e, especialmente, onde comer bem; há mais informação; há mais opções no geral. Apesar do aumento global dos preços, viajar no Egito tornou-se mais acessível.

(Des)Agradável Cairo

Em 2017, dois dias na caótica e poluída cidade do Cairo foram-nos mais do que suficientes. Depois de regressarmos a Portugal, pensar no Cairo era pensar no constante alvoroço de buzinas, nas multidões de gente cujas fortes personalidades falam alto, no ar pesado de poluição misturado com um calor urbano quase insuportável. Tudo isto tornou a ideia de aterrar de novo no Cairo assustadora.

Mas não passou apenas de uma ideia. Talvez sejamos nós que estamos mais pacientes. Talvez estivesse apenas a nossa perceção, baseada na experiência de 2017, demasiado distorcia. Ou então é mesmo o Cairo que está mais agradável.
Desta vez, passeámos com gosto as ruas da capital egípcia e apreciámos a sua arquitetura. Percorremos tudo a pé e aprimorámos a nossa capacidade de atravessar a estrada (atividade que, no Cairo, é capaz de produzir altas quantidades de adrenalina!). Explorámos mercados, o Velho Cairo e o Cairo Islâmico e quase nem demos conta das buzinas. Não ficámos presos no trânsito e andámos tranquilamente de metro.

O calor, esse sim, continua sem dar tréguas.

Inteligência de Viagem

O Egito mudou num ano e meio. Mas nós também e nalguns aspetos consideramos que o fator experiência de viagem fez a diferença na diligência e agilidade com que experienciámos o Egito em 2017 e em 2019:

  1. Desta vez não nos deixámos enganar.
  2. Desta vez não ficámos doentes.

Como em qualquer nova experiência, se não nos acautelamos devidamente, a coisa pode (ou não) correr mal. Nós procuramos ver sempre a bondade nas pessoas mas, por vezes, prestarmos mais atenção ao nosso instinto é o melhor a fazer para o nosso próprio bem.

Da primeira vez que estivemos no Egito, além de termos comido uns determinados feijões mágicos que nos deixaram com uma gastroenterite de uma semana, deparámo-nos com duas ou três situações desagradáveis de locais que se tentaram aproveitar da nossa falta de conhecimento. Nada que uma boa dose de bom senso da nossa parte não tivesse evitado… ou então faltava-nos simplesmente o traquejo de quem viaja ?

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Em 2017 saímos de Portugal a sentir-nos prontos e confiantes para a nossa primeira aventura no Egito e regressámos com a sensação de que nunca se está preparado para este país.

Em 2019 fomos receosos (fruto da experiência anterior) e regressámos apaixonados, com uma sensação de segurança e confiança enorme no Egito e já a pensar quando é que lá voltaremos.

A todo o imaginário de deserto, faraós e cultura árabe já associado a este país, acrescentamos agora o encanto da genuína hospitalidade dos locais. O Egito é assim: no desconforto do calor e da desordem, consegues encontrar o conforto nos sorrisos dos constantes Welcome to Egypt, na beleza das paisagens únicas e na mítica e inesgotável História do Egito.

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