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1 Dia entre Moledo do Minho e La Guardia

Pessoa ao lado dos Moinhos de Folón no final do trilho na Galiza

Entre o mar, o rio e a serra, o canto mais a noroeste de Portugal tem potencial para maravilhar não só os caminhantes de Santiago de Compostela que por lá transitam todos os dias, como também visitantes curiosos pelo Alto Minho. Embora as águas frias sejam para os mais corajosos e os dias de vento de evitar, aqui o por do sol não desilude, o idioma funde-se com o dos vizinhos galegos e o cheiro a maresia sobe ao topo dos montes que adornam este Minho com vista para a Galiza.

Vale a pena reservar uns dias para explorar com tempo os parcos quilómetros que separam Moledo do Minho, Caminha, Vila Nova de Cerveira e La Guardia já em Espanha. Se tiveres sede de natureza e dispuseres de apenas um dia, então espero que as sugestões que aqui partilho te sejam úteis.

Cascata rodeada de natureza no Minho

Entre a Cascata do Pincho e os miradouros na encosta do Alto Minho

Impelida por dois amigos de Moledo do Minho e pela vista ampla da sua casa sobre o areal da Praia de Moledo com a Ínsua a adornar o mar de infinito azul e a contrastar com o verde do monte de Santa Tecla, foi nesta freguesia que me instalei para conhecer melhor esta aresta de Portugal.

Depois de um pequeno-almoço ao som das ondas fortes, saí de carro Serra de Arga adentro em direção a Montaria, já no concelho de Viana do Castelo mas a apenas 17km de Moledo.

Levada pelo sentido de orientação da gente local que já não precisa de GPS, conduzimos pela N305 cruzando pela Estrada do Pincho até ao sinal de madeira a indicar a Cascata da Ferida Má.

A partir daí é seguir o carreiro delineado pelos pés dos que saem a trilhar as margens do Rio Âncora. Num passeio relativamente fácil e de passo lento, continuei rio acima, espantando-me poucos metros à frente com uma autêntica piscina de cor translúcida alimentada pela corrente forte de água que há de desaguar no Rio Minho. Seria apenas a primeira e a mais funda, pois continuando o caminho ascendente há muito onde mergulhar ou onde só sentar numa pedra de pés postos no rio.

Inevitavelmente senti-me convidada a desfrutar da natureza pura entre a frescura da água, o conforto dos raios de sol, o cheiro a pinheiro e o som das copas das árvores a lembrar-me do quão bom é estar rodeada de ar puro.

Pessoas a caminhar junto ao Rio Âncora na Cascata do Pincho no Minho
Sapo na água da Cascata do Pincho no Minho
Piscinas de água do Rio Âncora rodeadas por vegetação

Já agora, fica a dica...

Se puderes, recomendo ir em dia de semana e evitar o pico do verão para conseguires desfrutar deste espaço mágico sem muita gente ao redor. Se tiveres mais tempo, podes aproveitar para fazer o PR5 – Trilho do Pincho, numa caminhada circular de 9,7km a partir de S. Lourenço da Montaria.

Depois deste refúgio na natureza, encaminharam-me para as melhores vistas sobre Vila Praia de Âncora no Miradouro do Monte Calvário e sobre a foz do Rio Minho no Miradouro da Capela de Santo Antão.

Miradouro do Calvário com vista para o mar e sobre Vila Praia de Âncora
Animais no pasto na Serra de Arga

Dos Moinhos do Folón e do Picón ao Monte de Santa Tecla

Após o almoço, dirigi-me a Espanha percorrendo a estrada marginal que liga Moledo do Minho e Caminha a Vila Nova de Cerveira, onde a Ponte da Amizade conduz à Galiza. Rumei ao PR-G 94 – Ruta dos Muíños do Folón e do Picón.

Partindo do parque de estacionamento e ponto de informação, iniciei o trilho pelos Moinhos do Picón. É uma rota circular, de cerca de 3,5km e 200m de elevação que se caminha bem em 1h30m, calmamente e com tempo para observar, absorver e fotografar. Todo o itinerário está muito bem sinalizado com as listas amarelas e brancas. Não há que enganar!

Dicas:

Recomendo começar pelo lado Este, por onde se encontram primeiro os Moinhos do Picón, uma vez que aí as subidas são mais suaves, e terminar no lado Oeste, descendo pelos Moinhos do Folón.

Painel Informativo sobre o Trilho dos Moinhos do Folón e do Picón
Caminho inserido na natureza com uma casa de pedra ao fundo e pessoas a andar

A primeira metade do caminho é a subir enquanto vão aparecendo bem enfileirados os moinhos que, já no século XVIII, aproveitavam toda a força da água para tornar farinha o grão do milho, do centeio e do trigo. Atrevi-me a sair do carreiro de terra, a pisar as ervas irreverentes e dar uma olhada ao interior de um destes compartimentos pouco mais altos que eu. Entre a porta de madeira puída e a pedra fresca da construção vê-se ainda a mó que um dia tanto pão produziu para alimentar as freguesias vizinhas.

Já ofegante, é no topo do monte que alcancei a parte plana do trajeto, permitindo-me recuperar fôlego e parar num mapa informativo para perceber o ponto de situação – um terço já percorrido.

Moinhos de pedra inseridos na vegetação
Setas de madeira a indicar as distâncias

Seguindo os sinais de orientação fui levada a contornar à esquerda. De súbito, as árvores que me rodeavam deram lugar a um pequeno prado com um moinho ao fundo. Senti-me presenteada com uma vista ampla e campesina e ao aproximar-me percebo que não é só um, são os vários Moinhos do Folón, paralelepípedos de pedra rude e telhado inclinado num só sentido. Recortam o monte e trazem-lhe um ar rústico, bucólico até, com o sol de final de tarde a começar a baixar. Sem dúvida o cenário mais bonito desta jornada!

Desci devagar, desacelerada pelas inevitáveis fotografias. Ao fundo do vale uma cascata brinda os caminhantes com água fresca e sombras no sítio certo para sentar e apreciar as pequenas construções, agora abandonadas, que em tempos terão dado muito trabalho às gentes galegas.

Pessoa sentada em frente a uma cascata
Moinhos de pedra enfileirados encosta acima
Pessoas em cima de uma pedra de um racho inseridas na natureza

De novo embrenhados na flora local, atravessamos um riacho e seguimos em conversa até ao final, de regresso ao ponto de partida. Terminei com a vontade (e as pernas!) para dar uma segunda volta e ter a oportunidade de apreciar de novo este aprazível percurso.

Porém, ainda queria visitar o Monte de Santa Tecla por isso era hora de subir ao castro de século I a.C. ocupado à altura por mais de 3000 indivíduos. Uma verdadeira comunidade que vivia com varanda virada a mar.

Embora o vento fosse cortante, as vistas suprimiram qualquer desconforto. Passado o castro, subi ao miradouro mais alto e vi-me no interior da tela que admirava naquela manhã, do lado de lá. Contemplei o verde Minho e o contraste com os tons oceânicos, e ali sentada no topo do Monte de Santa Tecla permiti-me sorver a familiar brisa misturada com os raios de luz que vão caindo a poente. Num reconforto inesperado, percebi que o verde Minho me cheira a casa e que, por muito mundo que corra, as raízes daquele verde são também as minhas.

Vista sobre o Castro do Monte de Santa Tecla em La Guardia
Vista para Moledo do Minho e a foz do Rio Minho desde o Monte de Santa Tecla em La Guardia

Outros locais a visitar entre Moledo do Minho e La Guardia

Ínsua

A flutuar ao largo da foz do Rio Minho avista-se a Ínsua, pequena ilha a quebrar a monotonia daquele azul Atlântico, com o Forte de século XVII a pesar sobre o granito que o sustenta. A travessia faz-se de táxi-boat e o Monumento Nacional da ilha pode visitar-se das 9h às 19h.

Mata do Camarido

Mandada plantar por D. Dinis, a Mata do Camarido convida a um passeio entre a floresta e a praia. Inicia o trajeto desde Moledo ou Caminha até à Praia do Camarido, lá no fundo junto à foz, e regressa pela sombra dos pinheiros que compõem esta mata.

Foz do Rio Minho e ilha no meio no mar com a Mata do Camarido ao fundo
Por do sol em tons de laranja na praia de Moledo do Minho

Dicas:

Como chegar a Moledo do Minho ou Caminha e como se deslocar

A forma mais cómoda de chegar a Moledo do Minho através de transportes públicos é de comboio Regional ou Inter-regional. Para Caminha, além de existirem as mesmas ligações de ferrovia, também se pode vir de autocarro desde cidades como o Porto, Braga ou Valença do Minho.

Se chegares de transportes públicos e quiseres deslocar-te entre os 3km que separam Caminha e Moledo, podes fazê-lo a pé, de bicicleta ou de táxi local.

Porém, sem carro torna-se muito difícil chegar ao Pincho e ao Trilho dos Moinhos do Folón e do Picón. Para isso, é recomendável ter-se forma de deslocação própria.

Planície com riacho e casa antiga inseridos na vegetação do Trilho dos Moinhos do Folón e do Picón na Galiza

Como atravessar o Rio Minho

Se quiseres cruzar o Rio Minho de carro, tens de conduzir até à Ponte da Amizade, em Vila Nova de Cerveira, que é o mais indicado para ir até ao Trilho dos Moinhos do Folón e do Picón.

Ao invés, se estiveres com vontade de caminhar e de apanhar a brisa fresca de uma curta travessia de barco, podes apanhar um barco-táxi para atravessar o Rio Minho de Caminha a A Pasaxe. Para isso recomendo reservar bilhete no website da Xacobeo Transfer ou da Taxi Boat Peregrinos.

Chegado ao lado galego terás de te deslocar a pé a partir de A Pasaxe. Daí as opções são iniciar o trilho e escadório que levam ao topo do Monte de Santa Tecla (aproximadamente 4km), atravessar pela Avenida Paseo Portugal para visitar La Guardia (a cerca de 3km) ou ainda, se houver tempo e vontade de caminhar, fazer todo o percurso litoral contornando a península até chegar a La Guardia (cerca de 7km).

Onde comer entre Moledo do Minho e Caminha

Desde o Pincho, estamos a cerca de 2km de uma experiência imperdível no Café Caçana, uma daquelas míticas tascas com champarrião servido em malgas a acompanhar fortes petiscos do Minho. E – melhor ainda – emoldurado nos tons de verde da Montaria!

Nas sugestões das gentes que por ali passam o ano, o Restaurante Zé Carteiro em Vila Praia de Âncora surge como referência nas carnes e o Restaurante Girassol em Caminha é referido como mais económico e diverso nas iguarias do Minho.

A não perder também está a doçaria tradicional. Dos cocos aos doces brancos, das rosquinhas aos papudos, sabores que tão bem caracterizam esta região de tradições duradouras e fortes romarias. Passa na Fábrica de Doces de Tradicionais de Lanhelas, no Caminho da Ramalhosa, espreita a produção destas iguarias tão típicas e aproveita para levar uma caixinha delas para fazeres perdurar mais uns dias os sabores desta visita ao Alto Minho.

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