Apertamos o capacete, pomos o pé ao pedal e lá vamos nós, ciclo pista fora em direção a um belo almoço de paella em Valência. Mas calma: são 9 da manhã e, apesar de já termos água na boca, temos também 20km pela frente até aos arrozais da Albufeira de Valência. Vamos lá?
Do centro urbano à tranquila Albufeira de Valência
Todas as ruas e avenidas principais de Valência têm ciclovias, há semáforos e sinais próprios, muitos locais de estacionamento de bicicletas e, melhor de tudo, os ciclistas são respeitados pelos automobilistas (Coisa rara, ah? Quem costuma andar de bicicleta vai entender!). Uma cidade muito bem preparada para ciclistas, portanto.
Para aproveitar todas estas raras conveniências, além de andarmos sempre de bicicleta em Valência, pedalámos também até à zona da Albufeira de Valência para comer a típica paella de Valência – a paella valenciana.
Ao atravessarmos as ruas quase desertas do Centro Histórico, apreciamos a calma que ainda se sente nesta manhã de domingo. O trânsito é pouco e nota-se uma aura mais familiar nos lentos movimentos citadinos.
Da tranquila Plaça de l’Ajuntament vamos subindo. Deitamos um olho à Catedral de Valência e ao seu Miguelete de vigia lá em cima, atravessamos a Plaça de la Mare de Déu onde as esplanadas se vão montando, cruzamos a Porta de Serrans e chegamos ao imenso Parque do Rio. Aqui já aceleramos a pedalada e seguimos parque fora em direção ao mar.
Ao passarmos o Palau de la Música (salão de concertos, cinema, artes e exposições) já sabemos que se avizinha a imponente Cidade das Artes e das Ciências de Valência. Já andámos por aqui antes mas esta construção não deixa de nos surpreender!
Já agora, fica a dica 😉
Para organizares o teu dia no Centro Histórico de Valência espreita o artigo Roteiro de 1 dia pelo Centro Histórico de Valência.
Finda esta zona dedicada à cultura e à arte, a paisagem começa a mudar e aí sabemos que nos afastamos agora da cidade. Vamos pedalando ao largo de campos e tudo aqui já é bem mais plano e baixo à nossa volta. Eventualmente vemos uma ou outra família reunida nos seus terrenos a aproveitar este sol de outubro e a preparar o fogo para a paella que se seguirá para almoço. Hum, bem-haja a paella que nos trouxe a este passeio!
Num instante, do cheiro da pradaria passamos à briza do mar e começamos a avistar a Playa del Pinedo. Uma ou outra pessoa apanha sol por ali ou caminha à beira-mar enquanto nós avançamos ciclovia adiante, agora com as ondas tranquilas a acompanhar-nos à esquerda.
É este cenário que enquadra os quilómetros seguintes até que uma passagem na localidade de El Saler nos leva aos amplos arrozais da Albufeira de Valência.
Pelos arrozais da Albufeira: a origem da paella de Valência
Segundo nos constou, é produzida nestes arrozais uma grande parte de todo o arroz de Espanha. E agora percebemos porquê: arrozal aqui não falta! Contaram-nos também que é aqui a verdadeira origem da paella valenciana quando antigas famílias de agricultores comiam habitualmente aquilo que por aqui mais havia: arroz como é claro! Ao qual juntavam o que conseguiam caçar – geralmente os chamados ratos do campo. Faziam tudo em grandes sertãs (para render mais) e diretamente no fogo (era as condições que havia).
A necessidade levou à tradição e, de geração em geração, a paella foi ficando enraizada nos costumes familiares dos valencianos.
Pedalamos ao longo destes arrozais e aqui temos de prestar mais atenção à estrada. A seguir a El Saler a ciclovia termina e, apesar de a berma ser larga, não nos podemos distrair demasiado com as verdejantes paisagens. Até porque a estrada se mostra agora bem movimentada de famílias que aqui vêm para um belo almoço de domingo.
A barriga começa a dar horas depois de quase 20km de pedal e, por isso, nem paramos na Albufeira. Fica para depois! Vamos mas é comer.
Mais à frente uma pequena rotunda mostra uma placa de madeira onde se lê “El Palmar” e aí sabemos que chegamos.
Saborear a bela paella de Valência em El Palmar
El Palmar é uma localidade muito pitoresca, de casas baixas e coloridas entre canais de água que vão da albufeira até ao mar.
Famílias vão chegando e nota-se que vêm de visita, mas ainda assim só se ouve falar castelhano ou valenciano pelo que supomos que por aqui não passem muitos estrangeiros nem turistas.
Pedalamos agora devagar por ruas estreitas onde se vai sentindo o cheiro dos almoços a sair. Temos um destino previamente definido pelos nossos anfitriões que nos acompanham neste passeio: o Restaurante El Redoli. Já são clientes habituais e não podiam deixar de nos trazer cá, dizem eles.
Estacionamos as bicicletas por ali e sentamo-nos na parte de fora, à sombra da ramada. Que sítio bonito para descansar as pernas e repor energias! Fizemos o nosso pedido e, entretanto, atrevemo-nos a ir espreitar a zona da cozinha onde se fazem as paellas. Lá está a senhora atarefada mas confiante a dar conta de umas dez sertãs de paellas enormes.
Como nos instruíram a fazer, pedimos a nossa com socarrat (aquele tostadinho no fundo da panela) e permissão para fotografar aquelas iguarias tão aguardadas por quem lá fora espera.
Abrimos (ainda mais!) o apetite com umas clochinas valencianas (deliciosas!) e uns pimentos grelhados e, entretanto, apresentam-nos duas grandes paellas para nos debatermos: a típica de frango, e uma vegetariana para quem prefere a alternativa.
Talvez por toda aquela envolvência rural, talvez por sabermos que estávamos n’O local para comer a verdadeira paella em Valência, talvez porque já tínhamos feito 20km de bicicleta… ou certamente porque estava mesmo boa: deliciámo-nos com esta iguaria valenciana – o verdadeiro motivo deste passeio a El Palmar (temos de confessar)!
E saboreamo-la lentamente naquele início de tarde de domingo que terminou com um licor de arroz também da terra para ajudar a digestão.
Regresso a Valência pela Lagoa da Albufeira
Depois desta bela e generosa paella valenciana, há que arranjar energia para os 20km de volta a Valência. As pernas custam a pegar depois da deliciosa paragem, mas vamos sendo motivados pela paisagem que rola à nossa frente arrozal atrás de arrozal.
E até à primeira paragem não custa nada: o Mirador del Pujol com uma vista fantástica para a Lagoa da Albufeira. Aqui, inspirados pela tranquilidade dos pequenos barcos que vão cruzando a lagoa e pelos reflexos que deixam à tona da água, recuperamos as energias necessárias para pedalar de volta ao centro de Valência.
Um dia em cheio fora da rota mais comum que traça uma visita a Valência. Quanto não vale termos anfitriões locais para nos dar estas sugestões valiosas e podermos agora partilhá-las contigo? 🙂
Dicas para visitar El Palmar e saborear uma bela paella em Valência:
- Não tens de fazer este passeio de bicicleta! Apesar de esta ser a nossa sugestão por o caminho valer muito só por si, podes chegar a El Palmar de carro ou mesmo de transportes públicos. Apanha o autocarro 24 no centro de Valência e segue até El Palmar. A duração da viagem é de cerca de uma hora e o preço do bilhete é de 1,50€.
- Se queres fazer este passeio de bicicleta tal como aqui sugerimos, há muitas lojas de aluguer de bicicletas no centro de Valência. O preço diário ronda os 8€.
- Depois desta bela refeição no Restaurante El Redoli não nos atrevemos a experimentar outra paella em Valência e por isso não temos termo de comparação. Também há mais restaurantes de paella em El Palmar mas este foi o que nos foi recomendado e a comida estava, sem dúvida, divinal!
- Tanto em El Palmar como no Mirador del Pujol há passeios de barco a 5€/6€ pela albufeira que nos pareceram muito boa ideia. Só não fizemos porque ainda tínhamos de pedalar de volta à cidade mas da próxima não vamos perder aquele pôr-do-sol do meio da Albufeira de Valência!
Se pensas fazer uma viagem a Valência de forma independente e precisas de alguma ajuda para a preparar, fala connosco para te ajudarmos no planeamento!
⤖Agenda a tua consulta de viajante com a Dra. Andreia Castro, uma médica e viajante experiente, e conhece todos os cuidados de saúde a teres na tua próxima viagem. Contacta-a aqui e diz que vais da nossa parte!
⤖ Gostavas de fazer voluntariado durante a tua viagem? Ou estarias interessado em trocar umas horas de trabalho por alojamento? Inscreve-te na Worldpackers e encontra um projeto com que te identifiques. Usa o nosso código MAISPRALA e obtém um desconto de 10$ na tua subscrição!
Não é simplesmente escrever qualquer coisa e publicar na
internet. Obrigado pela informação. Vou compartilhar o seu
artigo no meu instagram.
Ainda bem que gostaste! Obrigado 🙂