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Guatapé: mais do que uma grande rocha!

Letras grandes e coloridas com o nome Guatapé escrito em maiúsculas

Se pesquisares ou perguntares pelos principais lugares a visitar na Colômbia, certamente Guatapé estará nessa lista. O resultado é um sem número de tours diárias a sair de Medellín para visitar a grande pedra e eventualmente o pequeno pueblo. Se merece tamanha afluência? Sim, merece! Todavia, Guatapé merece também mais tempo para apreciar a tranquila vida dos seus habitantes, conhecer melhor a sua história e apreciar o grande lago. Quanto a nós, lá passámos duas noites e não foi demais.

Um monólito assustador disputado entre Guatapé e El Peñol

Apanhamos um Uber para o Terminal Norte de Medellín e perguntamos pelo autocarro para Guatapé. Sai dentro de 5 minutos, timing perfeito. 18 mil pesos cada um e bora lá!

O tempo não está muito favorável. Tem andado a ameaçar trovoadas e já caíram uns chuveiros valentes. Não era Medellín a primavera eterna?! Bem, são os últimos dias das férias de Natal para os colombianos e o trânsito aperta nas entradas e saídas das cidades. Seguimos pacientes a apreciar a mudança das cores cruas da cidade para o verde das montanhas dos Andes centrais colombianos.

Talvez numa tentativa vã de nos aproximarmos de casa (já cá estamos há um mês!) comentamos que as vistas se parecem com o Douro… e numa comparação ainda mais irrefletida atrevemo-nos a dizer que também são parecidas com o nosso Minho. As colinas vão-nos embalando e uma hora e meia depois começamos a vê-lo, aquele Monstro, aquela forma duvidosa que se levanta da terra, a que deu aso aos mais fantasiosos mitos da zona: o Rochedo de Guatapé ou também chamado de Pedra de El Peñol.

Lancha sobre o lago artificial de Guatapé com a roca de El Peñol ao fundo

Ainda hoje estas duas vilas vizinhas lutam pela propriedade do grande rochedo, deixando-nos a cogitar acerca do sentido dessa disputa. A vila de Guatapé já lá estava antes da vila de El Peñol e, por sua vez, certamente que o grande rochedo será muito mais antigo que qualquer uma das duas. Fica a questão: quem é que é dono de quê afinal? 😊

Em todo o caso, Guatapé ganha em matéria de fama e reputação por esse país e mundo fora. Por isso, a visita a esta zona de Antioquia recai habitualmente numa subida ao Peñol e numa passagem pelo pueblo de Guatapé.

Quanto à subida, prepara-te para enfrentares 659 escadas a partir da base da rocha… fora o inclinado caminho para lá chegar desde a estrada. Mas prepara-te também para a vista brutal que vais ter lá de cima!

Escadaria em ziguezague na roca de El Peñol

Estarás rodeado de ilhas verdes e lagos de perder de vista, com as montanhas dos Andes centrais colombianos a 360º. Força, vale a pena a subida!

Como seria de esperar, lá em cima há casas de banho, banquinhas de snacks e comidas rápidas e uma lojinha de souvenirs. E claro, não esperes estar sozinho. Afinal este é um dos locais mais concorridos da Colômbia e todos merecem visitá-lo 😊

Vista sobre a barragem de Guatapé

A colorida vila de Guatapé

O tempo deu tréguas e pusemos pés ao caminho pelas coloridas ruas de Guatapé. A vila aproveitou bem a fama que lhe foi sendo atribuída e foi-se embelezando, e turistificando também.

Pessoas na colorida praça dos zócalos em Guatapé
Senhor a pintar uma colorida varanda em Guatapé

Não deixa de ser uma vila encantadora! Apesar da traça se manter bastante rústica, é um pueblo todo ele bem pintadinho, bem arranjadinho e isso agrada os visitantes e certamente agradará aos habitantes locais que por isso trabalham. Vemos um senhor de trincha amarela em punho a pintar uma fachada (cuja demão anterior, com 5 anos, para nós já era bem bonita!). Temos notado que os guatapenses (e por norma os colombianos deste tipo de pueblos coloridos) são bastante exigentes na perfeição das cores das suas fachadas. Diz-nos o senhor do alto do escadote que as pinturas poderão ser retocadas a cada 2, 3, 5 anos, dependendo do seu proprietário.

É assim que a beleza desta vila se mantém irrefutável. Todas as casas das ruas do centro histórico, sem exceção, estão pintadas e decorada com zócalos.

Ana a caminhar em frente a fachada em tons de azul, verde e laranja em Guatapé

Afinal o que são os zócalos?

Relevos pintados na base de cada uma das paredes de Guatapé, esta vila que conta com duzentos anos de história e com cem anos de zócalos.

Casa decorada com zócalos representando a vida rural

Para os guatapenses, os zócalos não são apenas bonecadas bonitas na base das suas casas, são também a base da estrutura social. São a expressão da sua identidade, do sentir dos seus habitantes. Dizem ser uma página aberta a refletir um pedaço de história, uma lembrança ou uma aspiração pessoal ou familiar. Como técnica tem os seus componentes definidos, em relevo. Como arte, tem todas as possibilidades de expressão.

Foi através dos zócalos que Guatapé se propôs, ao longo do último século, como um município limpo, que encanta o olhar e que atrai curiosos como nós. Ao percorrermos as ruas de Guatapé damos não só com zócalos que contam a história da vila, encontramos também animais, a vida quotidiana, os ofícios locais, as paisagens de Antioquia. Tudo pintado na perfeição ou, senão, a ser retocado.

Os zócalos trazem realmente uma beleza ímpar a Guatapé e são mais um dos motivos pelos quais esta vila merece, sem dúvida, uma visita pausada.

Navega pela barragem de Guatapé

Até anos 70 do século passado, ninguém ouvia falar de Guatapé, nem se quer pela monstruosa rocha. E, curiosamente, não foi essa que começou por pôr Guatapé nas notícias e nos ouvidos dos colombianos. Foi a barragem, construída no final da década de 70, para abastecer a energia que o crescimento da cidade de Medellín e da região de Antioquia exigia.

O que é certo é que com a construção desta barragem, nasceram paisagens lindíssimas de pequenas ilhas ao redor do pueblo de Guatapé, sempre com as montanhas ao fundo. Já nos tínhamos deslumbrado com a vista de cima, quando subimos à grande rocha de El Peñol. Faltava agora ter a perspetiva de lá de baixo, desde o lago.

Barco na barragem de Guatapé com as montanhas e El Peñol ao fundo

Ao longo da marginal de Guatapé não falta quem anuncie passeios de barco e de lancha. Decidimos subir para um dos barcos grandes, tendo-nos sido prometido um passeio de 1h15m e 8 lugares por onde passaríamos. Bom, não tivemos nem uma coisa nem outra! Mas não deixámos que a insatisfação com o serviço nos abalasse a capacidade de apreciar as vistas que nos rodeavam e aproveitar este tranquilo passeio pela barragem de Guatapé.

É um programa que recomendamos aquando nesta vila, porém procura ir numa embarcação mais pequena que te garanta que vais mais longe na barragem para assim apreciar outros pontos que, segundo nos disseram, seriam deslumbrantes.

Dicas para visitar Guatapé

  • Guatapé fica a cerca de 80km e a 2 horas de autocarro de Medellín. Basta ires até ao Terminal Norte desta grande cidade e perguntares pelos autocarros para Guatapé. Não precisas de comprar bilhete com antecedência pois, durante o dia, há vários autocarros a sair. O bilhete de ida custa 18 mil pesos por pessoa.
  • Para subir ao rochedo de Guatapé, tens de pagar entrada que, no início de 2023, era de 20 mil pesos por pessoa.
Rua e escadas estreitas e coloridas em Guatapé
Duas Motochivas de perfil em Guatapé
  • Em Guatapé podes deslocar-te muito facilmente nas chamadas motochivas ou mototáxis, onde normalmente cabem duas pessoas. Por exemplo, o percurso de 3km entre o rochedo e o centro de Guatapé custou-nos 15 mil pesos.
  • Não é recomendado nadar na barragem de Guatapé. O lago é muito profundo e pode ser perigoso. Aliás, ao longo dos anos têm-se aqui registados vários acidentes mortais.
  • Para comer comida caseira em Guatapé recomendamos-te o Restaurante San Cayetano. Tudo o que escolheres aqui vai ser delicioso! Com uma esplanada mais aprazível, recomendamos ainda o Restaurante Kennedy, um dos mais antigos de Guatapé. Foi aqui que nos deliciámos com uma bela truta e com Cubas Libres a muito bom preço!
  • Os passeios pela barragem são um must do enquanto em Guatapé. Porém, não te recomendamos os barcos grandes. Ao invés, vai numa lancha mais pequena que te leve a mais sítios e te garanta um trajeto de mais de uma hora. O preço é o mesmo (20 mil pesos, no início de 2023) e aproveitarás mais.
  • Existem Free walking tours por Guatapé, todas as tardes de segunda a sábado, às 14h e às 16h.
  • Não te fies nas boas temperaturas de Medellín e leva um agasalho mais quente para Guatapé!
Pessoas na rua coberta de guarda-chuvas coloridos em Guatapé
Fachada branca e vermelha da Igreja de Guatapé
  • Apesar de não termos ido por causa da chuva, foi-nos recomendado ir até ao pueblo vizinho de San Rafael. Dizem ser mais quente que Guatapé e ter bonitas cascatas.
  • Ficámos instalados num alojamento muito aconchegante com uma família muito querida que não podemos deixar de recomendar. É a Casa Lúcia e fica a cerca de 800 metros do centro de Guatapé. A Catalina, a Dona Lúcia, o Sr. Luís e os seus cãezitos receberam-nos em sua casa da forma mais amável possível! O quarto era confortável, a água era quente (sim porque banhos de água fria é o mais comum na Colômbia!) e a zona exterior muito tranquila. Fica aqui o contacto para o caso de quereres pernoitar num alojamento local como este: Casa Lúcia, Guatapé.
  • Contrariamente ao que esperávamos por conta da fama turística que Guatapé tem, achamos os preços da comida aqui bastante acessíveis.
  • Come-se muito peixe nesta zona de Antioquia e a truta é o prato mais típico de Guatapé. Deliciámo-nos com uma truta ao alho e uma truta gratinada. Aproveita!
  • Nós utilizámos muito o Uber para nos deslocarmos em Medellín mas deixamos-te a nota de que, pela menos em 2023, apesar de esta aplicação de mobilidade ser comummente usada nas grandes cidades da Colômbia, não era totalmente legal.

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